Entrevista Especial

Conheça todas as respostas
omitidas por Paulinho Serra (2)

DANIEL LIMA - 04/06/2021

Continuamos a responder as perguntas que o prefeito Paulinho Serra não respondeu em 20 dias de prazo porque, como se observa, são todas, individual e coletivamente, questões que exigem preparo e, mais que isso, verdades que suportem réplica. Esta segunda edição de Entrevista Especial com novas respostas de CapitalSocial nos espaços deixados pelo prefeito de Santo André trás novos esclarecimentos aos consumidores de informações que prezam pela independência jornalística.

CapitalSocial -- O senhor acredita que o melhor medidor do emprego formal que um Município pode oferecer em termos de informação à sociedade é a quantidade gerada de novas vagas líquidas conquistadas ou perdidas ou a correlação entre estoque de empregos efetivos e empregos novos? Traduzindo: são empregos em números relativos ou números absolutos?

Paulinho Serra –

CapitalSocial – Marqueteiros da Administração Paulinho Serra não são diferentes dos marqueteiros de gestores públicos em geral, no Grande ABC ou em qualquer esfera de poder. Os números relativos e os números absolutos são utilizados conforme a situação supostamente favorável. É assim também, como se sabe, na marcha da contagem fúnebre do Coronavírus no País. A oposição conta em números absolutos porque é mais vantajoso ao utilitarismo político-partidário, já que há estreita relação entre população e óbitos consumados. No emprego formal, a cada fornada de dados, os prefeitos se mobilizam para extrair o melhor possível. É uma aberração numérica que conta com estreita colaboração da mídia relatorial, que aceita tudo de fontes mais que suspeitas, porque dominadas pelo marketing político vadio.

CapitalSocial -- O senhor acredita que a Avenida do Estado é mesmo um corredor que traça uma linha de horizonte de reconstrução econômica de Santo André ou a guerra logística interna está perdida desde que aquela passarela perdeu a concorrência para a Rodovia Anchieta e a Imigrantes?

Paulinho Serra --

CapitalSocial – A diferença monumental entre o brilhantismo do melhor prefeito regional que o País já teve, Celso Daniel, e o provinciano prefeito atual de Santo André poderia ser traçada na visão de futuro com a Avenida do Estado como referencial. Os 23 anos que separam o Eixo Tamanduatey e a Administração de Paulinho Serra são tempo demais. O que era possível há duas décadas é impossível agora. A Avenida do Estado está condenada a continuar como avenida de improdutividades, de desperdícios, de contrassenso logístico. Mas Paulinho Serra, sempre na ânsia de buscar manchetes, engana consumidores de informações com obras que não passam de puxadinhos, que vários outros antecessores utilizaram como massa de mensagem política. Uma reformatação da Avenida do Estado, sob novos desígnios em relação à herança de Celso Daniel, deveria ser resultado de força-tarefa das prefeituras envolvidas no traçado, inclusive da Capital.

CapitalSocial -- Como o senhor observa o fato de Santo André estar entre os mais mal colocados no Clube dos 20 Maiores Municípios do Estado de São Paulo neste século quando se trata do PIB Geral, ou seja, de todas as riquezas produzidas a partir do ano 2000?

Paulinho Serra –

CapitalSocial – Esse tipo de confronto numa espécie de campeonato que extrapola o território do Grande ABC revelaria mais complicações de gestores locais do que quando se colocam eles competindo apenas em si. Não bastasse a queda progressiva de Santo André e dos demais municípios da região em indicadores importantíssimos, tudo se torna ainda mais comprometedor quando se afere o rendimento municipal e regional frente a outros endereços nobres do Estado de São Paulo. Não haveria como Paulinho Serra se desvencilhar de uma armadilha que lhe foi colocada sim porque era preciso, também, testar a capacidade de mover-se entre escombros. Paulinho Serra soçobrou, claro.

CapitalSocial -- O senhor acha que preencheu todos os requisitos de transparência pública nas negociações que culminaram na venda dos ativos do Semasa para a Sabesp? Quais são os dados detalhados que levaram a Prefeitura à concessão daquela autarquia?

Paulinho Serra –

CapitalSocial – Protegido em larga escala pela mídia regional, Paulinho Serra fez das negociações com o Semasa argamassa de protecionismo praticamente indevassável. O Legislativo Municipal lhe deu toda a cobertura, como é praxe nas relações entre Executivo e Câmara de Vereadores no País. Há fortes indícios de que as negociações ultrapassaram a linha de fundo da moralidade e de cuidados com o regramento de transparência. Mas não se pode acusar a Administração Municipal sem as devidas provas, de acesso praticamente impossível sem a inflexão de autoridades competentes. A negociação com a Sabesp e o que se deu em seguida, na política de preços, são mistérios a quem não se conforma com o superficial.

CapitalSocial -- O senhor ganhou um presente de grego de seus antecessores, assim como os demais prefeitos da região, no balanço geral de produção industrial em forma de PIB e aumento de impostos municipais. Traduzindo: cada vez mais as prefeituras, inclusive durante seus quatro mandatos, aumentam a arrecadação própria, a carga tributária própria, de uma população cada vez mais empobrecida, e não dá respostas efetivas à construção de riqueza, de geração de riqueza. Não consta do figurino de Santo André qualquer iniciativa de reverter o quadro. O senhor se sente paralisado?

Paulinho Serra –

CapitalSocial – Paulinho Serra não está preocupado com o potencial arrecadatório associado à capacidade dos contribuintes cada vez mais empobrecidos. Santo André é um dos endereços mais caros para a população entre os 20 maiores municípios do Estado de São Paulo, como tem sustentado cada novo estudo de CapitalSocial. A correlação entre arrecadação do IPTU, por exemplo, e as receitas do ISS (Imposto Sobre Serviços) é uma das mais elevadas do G-22. Isso significa que a dinâmica econômica perde musculatura ante a fome fiscal municipalista.

CapitalSocial -- O senhor era um admirador confesso do prefeito Celso Daniel. Elogiar as obras deixadas por ele era uma constante antes do senhor virar prefeito. O que mudou?

Paulinho Serra –

CapitalSocial – De admirador do maior prefeito que o Grande ABC já conheceu a sutil desprezo bastou Paulinho Serra conviver com o poder. É claro que não tem coragem pública de dizer o que diz entre os amigos de poder em Santo André. Sabe que Celso Daniel tem consolidado prestígio também a reboque do assassinato em janeiro de 2002. Paulinho Serra é cercado por muitos representantes do atraso cultural e econômico de Santo André. Gente que frequenta a zona de oportunismo a qualquer preço. Gente que já aderiu inclusive ao PT, passou pelo PMDB e outras agremiações. Sempre com o objetivo de ajeitamento na Administração Pública. Gente de flexibilidade moral e ética. Uma turma da pesada no sentido de que topa qualquer parada, desde que a parada represente a certeza de que sempre haverá uma boquinha a ser ocupada.